2º DOMINGO DO ADVENTO ANO A dezembro 2013 - IMACULADA CONCEIÇÃO

2º DOMINGO DO ADVENTO ANO A dezembro 2013 - IMACULADA CONCEIÇÃO

Tema: IMACULADA CONCEIÇÃO “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus.”
A liturgia convida-nos a acolher, como Maria, com um coração aberto os planos de Deus.
Primeira leitura: mostra (Adão e Eva) o que acontece quando rejeitamos as propostas de Deus e preferimos caminhos de egoísmo, de orgulho e de autossuficiência; sofrimento e morte.
Evangelho: Maria ao contrário de Adão e Eva, Maria rejeitou o orgulho, o egoísmo e a autossuficiência e preferiu os planos de Deus; salvação e vida plena para ela e para o mundo.
Segunda leitura: Deus tem um projeto de vida plena para cada pessoa. É Jesus que apresenta este projeto e exige uma resposta firme.

6. PRIMEIRA LEITURA (Gn 3,9-15.20) Leitura do Livro do Gênesis
O Senhor Deus chamou Adão, dizendo: “Onde estás?” E ele respondeu: “Ouvi tua voz no jardim e fiquei com medo porque estava nu; e me escondi”. Disse-lhe o Senhor Deus: “E quem te disse que estavas nu? Então comeste do fruto da árvore de cujo fruto te proibi comer? Adão disse: “A mulher que tu me deste por companheira, foi ela que me deu do fruto da árvore, e eu comi”. Disse o Senhor Deus à mulher: “Por que fizeste isso?” E a mulher respondeu: “A serpente me enganou e eu comi”. Então o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens! Rastejarás sobre o ventre e comerás pó todos os dias de tua vida! Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”. E Adão chamou à sua mulher “Eva”, porque ela é a mãe de todos os viventes.

AMBIENTE - O relato jahwista de Gn 2,4b-3,24 sobre as origens da vida e do pecado é um texto do séc. X a.C., na época do rei Salomão. Não é reportagem jornalística. Não é científica ou histórica, mas teológica: mais do que ensinar como o mundo e o homem apareceram, ele quer dizer-nos que na origem da vida e do homem está Jahwéh e que na origem do mal e do pecado estão as opções erradas do homem. É uma catequese.
Na primeira parte apresenta a criação como um espaço de felicidade, onde tudo é bom e o homem vive em comunhão total com o criador e com criaturas. Na segunda parte descreve o pecado do homem e da mulher; mostra como as opções erradas introduziram desequilíbrio e de morte. Na terceira parte (cf. Gn 3,8-24), as consequências para toda a criação; o homem livre e feliz fez escolhas erradas e introduziu sofrimento e de morte. O nosso texto pertence à terceira parte.

MENSAGEM - Deus descobre todos os fatos. Deus pergunta ao homem: “onde estás?” A resposta já é uma confissão de culpa: “como estava nu, tive medo e escondi-me”. A vergonha e o medo são sinal de uma perturbação interior, uma ruptura com a harmonia, de serenidade e de paz. Como? Desobedecendo a Deus. A segunda pergunta feita por Deus é retórica: “terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira de comer?”. A “árvore do conhecimento do bem e do mal” – significa o orgulho, a autossuficiência, o prescindir de Deus e das suas propostas, o querer decidir por si só o que é bem e o que é mal, o pôr-se a si próprio em lugar de Deus, o reivindicar autonomia total em relação ao criador. É evidente que o homem “comeu da árvore proibida” – isto é, escolheu um caminho de orgulho e de autossuficiência em relação a Deus. Daí a vergonha e o medo. Ao defender-se, acusa a mulher e, ao mesmo tempo, acusa o próprio Deus (“a mulher que me deste por companheira deu-me do fruto da árvore e eu comi”. Adão representa a humanidade no egoísmo e na autossuficiência, que esqueceu os dons de Deus e vê em Deus um adversário; se instalou na covardia, na falta de solidariedade, no ódio. Escolher caminhos contrários aos de Deus é uma ruptura com Deus e com os irmãos.
Vem, depois, a “defesa” da mulher: “a serpente enganou-me e eu comi”. Entre os povos cananeus, a serpente estava ligada aos rituais de fertilidade e de fecundidade. Os israelitas abandonavam Jahwéh para seguir os rituais dos cananeus e assegurar a fecundidade dos campos e dos rebanhos. a serpente era, pois, o “fruto proibido”, que seduzia os crentes e os levava a abandonar a Lei de Deus. A “serpente” é, neste contexto, um símbolo literário de tudo aquilo que afastava os israelitas de Jahwéh. A resposta da “mulher” confirma que a humanidade prescindiu de Deus, ignorou as suas propostas. Achou, no seu egoísmo e autossuficiência, que podia encontrar a verdadeira vida à margem de Deus. Aí está a culpa de uma humanidade que pensou poder ser feliz em caminhos de egoísmo e de autossuficiência, à margem de Deus. Deus condena como falsos e enganosos esses cultos e essas tentações que seduziam os israelitas e os colocavam fora da dinâmica da Aliança e dos mandamentos. O nosso catequista jahwista sabe que a serpente é um animal miserável, que passa sua existência mordendo o pó da terra. O autor vai servir-se deste dado para pintar a condenação de tudo aquilo que leva os homens a afastar-se dos caminhos de Deus e a enveredar por caminhos de egoísmo e de autossuficiência. O que é que significa a inimizade e a luta entre a “descendência” da mulher e a
“descendência” da serpente? A interpretação judaica e cristã viu nestas palavras uma profecia messiânica: Deus anuncia que um “filho da mulher” (o Messias) acabará com as consequências do pecado e inserirá a humanidade numa dinâmica de graça.
Atenção: o autor sagrado não está falando de um pecado cometido nos primórdios da humanidade pelo primeiro homem e pela primeira mulher; mas está falando do pecado cometido por todos de todos os tempos… Ele está apenas ensinando que a raiz de todos os males está no fato de o homem prescindir de Deus e construir o mundo a partir de critérios de egoísmo e de autossuficiência.

ATUALIZAÇÃO
f O MAL vem de Deus, ou vem do homem? O mal nunca vem de Deus… Deus criou-nos para a vida e para a felicidade e deu-nos todas as condições para a felicidade plena.
f O mal resulta das nossas escolhas erradas, do nosso orgulho, do nosso egoísmo e autossuficiência. Quando o homem escolhe viver orgulhosamente só, ignorando as propostas de Deus e prescindindo do amor, constrói cidades de egoísmo, de injustiça, de prepotência, de sofrimento, de pecado…
f O caminhar longe de Deus leva o homem ao confronto e à hostilidade. Nasce, então, a injustiça, a exploração, a violência. As pessoas deixam de ser irmãos para passarem a ser ameaças ao próprio bem-estar, aos próprios interesses.
f Prescindir de Deus significa construir uma história de inimizade com o resto da criação. A natureza deixa de ser a casa comum a todos os homens como espaço de vida e de felicidade, para se tornar algo que eu uso e exploro em meu proveito próprio, sem considerar a sua dignidade, beleza e grandeza. Jesus nos apresentou o plano do Pai. Aprendemos com Ele a amar sem exceção e com radicalidade?

7. SALMO RESPONSORIAL 97 (98)
Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios!
• Cantai ao Senhor Deus um canto novo, / porque ele
fez prodígios! / Sua mão e seu braço forte e santo / alcançaram-lhe a vitória.
• O Senhor fez conhecer a salvação, / e às nações, sua
justiça; / recordou o seu amor sempre fiel / pela casa de Israel
• Os confins do universo contemplaram / a salvação do
nosso Deus. / Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, / alegrai-vos e exultai!

10. EVANGELHO (Lc 1,26-38) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era da descendência de Davi e o nome da virgem era Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de seu pai Jacó, e o seu reino não terá fim”. Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do
Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. Também
Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, porque para Deus nada é impossível”. Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.

AMBIENTE - O texto pertence a um gênero literário chamado homologese. Este gênero não pretende ser um relato jornalístico e histórico de acontecimentos; mas é, sobretudo, uma catequese destinada a proclamar certas realidades salvíficas (que Jesus é o Messias, que Ele vem de Deus, que Ele é o “Deus conosco”). A homologese utiliza e mistura tipologias (fatos e pessoas do Antigo Testamento, encontram a sua correspondência em fatos e pessoas do Novo Testamento) e aparições apocalípticas (anjos, aparições, sonhos) para fazer avançar a narração e para explicitar determinada catequese sobre Jesus. Não interessa estar à procura de fatos históricos; interessa os ensinamentos sobre Jesus. A Galileia era considerada pelos judeus uma terra em permanente contato com as populações pagãs e onde se praticava uma religião heterodoxa, influenciada pelos costumes e pelas tradições pagãs. Daí a convicção dos mestres judeus de Jerusalém de que “da Galileia não pode vir nada de bom”. Quanto a Nazaré, era uma aldeia pobre e ignorada, completamente à margem dos caminhos de Deus e da salvação. Maria era “uma virgem desposada com um homem chamado José”. O casamento hebraico considerava o compromisso matrimonial em duas etapas: havia uma primeira fase, na qual os noivos se prometiam um ao outro (os “esponsais”); só numa segunda fase surgia o compromisso definitivo (as cerimônias do matrimônio propriamente dito)… Entre os “esponsais” e o rito do matrimônio, passava um tempo mais ou menos longo, durante o qual qualquer uma das partes podia voltar atrás, mas sofrendo
uma penalidade. Durante os “esponsais”, os noivos não viviam em comum; mas o compromisso que os dois assumiam tinha já um caráter estável, de tal forma que, se surgia um filho, este era considerado filho legítimo de ambos. A Lei de Moisés considerava a infidelidade da “prometida” como uma ofensa semelhante à infidelidade da esposa. E a união entre os dois “prometidos” só podia dissolver se com a fórmula jurídica do divórcio. José e Maria estavam, portanto, na situação de “prometidos”: ainda não tinham celebrado o matrimônio, mas os “esponsais”.

MENSAGEM - O termo “ave” com que o anjo se dirige a Maria, é mais do que uma saudação: é o eco dos anúncios de salvação à “filha de Sião”. A expressão “cheia de graça” significa que Maria é objeto da predileção e do amor de Deus. A outra expressão “o Senhor está contigo” é uma expressão que aparece com frequência ligada aos relatos de vocação no Antigo Testamento (vocação de Moisés; de Gedeão; de Jeremias) e que serve para assegurar ao “chamado” a assistência de Deus na missão que lhe é pedida. A visita do anjo destina-se a apresentar à jovem de Nazaré uma proposta de Deus. Essa proposta vai exigir uma resposta clara de Maria. Deus propõe que aceite ser a mãe de um “filho” especial, que ele se chamará “Jesus”. O nome significa “Deus salva”. Além disso, esse “filho” é apresentado pelo anjo como o “Filho do Altíssimo”, que herdará “o trono de seu pai David” e cujo reinado “não terá fim”. As palavras do anjo levam-nos à promessa feita por Deus ao rei David através das palavras do profeta Nathan; o “messias” libertador. O que é proposto a Maria é, pois, que ela aceite ser a mãe desse “messias” que Israel esperava, o libertador enviado por Deus ao seu Povo para lhe oferecer a vida e a salvação definitivas. Como Maria responde? A resposta começa com uma objeção… A objeção faz sempre parte dos relatos de vocação do Antigo Testamento (cf. Ex 3,11; 6,30; Is 6,5; Jer 1,6). É uma reação natural de um “chamado”, assustado com a perspectiva do compromisso com algo que o ultrapassa; mas é, sobretudo, uma forma de mostrar a grandeza e o poder de Deus que, apesar da fragilidade e das limitações dos “chamados”, faz deles instrumentos da sua salvação no meio dos homens e do mundo. Diante da “objeção”, o anjo garante a Maria que o Espírito Santo virá sobre ela e a cobrirá com a sua sombra. Este Espírito é o mesmo que foi derramado sobre os juízes; Gedeão; Jefté; Sansão, sobre os reis; David, sobre os profetas; os anciãos de Israel; Ezequiel, a fim de que eles pudessem ser uma presença eficaz da salvação de Deus no meio do mundo.
A “sombra” ou “nuvem” leva-nos, também, à “coluna de nuvem” que acompanhava a caminhada do Povo de Deus em marcha pelo deserto, indicando o caminho para a Terra Prometida da liberdade e da vida nova.
A questão é a seguinte: apesar da fragilidade de Maria, Deus vai, através dela, fazer-se presente no mundo para oferecer a salvação a todos os homens. O relato termina com a resposta final de Maria: “eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. Afirmar-se como “serva” significa, mais do que humildade, reconhecer que se é um eleito de Deus e aceitar essa eleição, com tudo o que ela implica – pois, no Antigo Testamento, ser “servo do Senhor” é um título de glória, reservado àqueles que Deus escolheu, que ele reservou para o seu serviço e que ele enviou ao mundo com uma missão. Desta forma, Maria reconhece que Deus a escolheu, aceita com disponibilidade essa escolha e manifesta a sua disposição de cumprir, com fidelidade, o projeto de Deus.

ATUALIZAÇÃO
f Deus ama os homens e tem um projeto de vida plena para lhes oferecer. A história de Maria responde, de forma clara, a esta questão: é através de homens e mulheres atentos aos projetos de Deus que Deus atua no mundo, que Ele manifesta aos homens o seu amor, que Ele convida cada pessoa a percorrer os caminhos da felicidade e da realização plena. é através dos nossos gestos de amor, de partilha e de serviço que Deus transforma o mundo.
f Os instrumentos de que Deus: Maria era uma jovem de uma aldeia dessa “Galileia dos pagãos” de onde não podia “vir nada de bom”. Apesar disso, foi escolhida por Deus para desempenhar um papel primordial na etapa mais significativa na história da salvação. A história de Maria deixa claro que, na perspectiva de Deus, não são o poder, a riqueza, a importância ou a visibilidade social que determinam a capacidade para levar a cabo uma missão. Deus age através de homens e mulheres, independentemente das suas qualidades humanas. O que é decisivo é a disponibilidade e o amor com que se acolhem e testemunham as propostas de Deus.
f Confrontada com os planos de Deus, Maria responde com um “sim” total e incondicional. Naturalmente, ela tinha o seu programa de vida e os seus projetos pessoais; mas, diante do apelo de Deus, esses projetos pessoais passaram naturalmente e sem dramas a um plano secundário. Na atitude de Maria não há qualquer sinal de egoísmo, de comodismo, de orgulho, mas há uma entrega total nas mãos de Deus e um acolhimento radical dos caminhos de Deus. Que atitude assumimos
diante dos projetos de Deus: acolhemo-los sem reservas, com amor e disponibilidade, numa atitude de entrega total a Deus?
f É possível alguém entregar-se tão cegamente a Deus, sem reservas, sem medir os prós e os contras? Naturalmente, não se chega a esta confiança cega em Deus e nos seus planos sem uma vida de diálogo, de comunhão, de intimidade com Deus. Maria de Nazaré foi, certamente, uma mulher para quem Deus ocupava o primeiro lugar e era a prioridade fundamental. Maria de Nazaré foi, certamente, uma pessoa de oração e de fé, que fez a experiência do encontro com Deus e aprendeu a confiar totalmente n’Ele.

8. SEGUNDA LEITURA (Ef 1,3-6.11-12) Leitura da Carta de São Paulo aos Efésios
Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob seu olhar, no amor. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão de sua vontade, para o louvor de sua glória e da graça com que ele nos cumulou no seu Bem-amado. Nele também nós recebemos a nossa parte. Segundo o projeto daquele que conduz tudo conforme a decisão de sua vontade, nós fomos predestinados a sermos, para o louvor de sua glória, os que de antemão colocaram a sua esperança em Cristo.

AMBIENTE - Estamos por volta dos anos 58/60. Alguns vêem nesta carta uma espécie de síntese da teologia paulina, numa altura em que a missão do apóstolo está praticamente terminada no oriente. O texto que nos é hoje proposto aparece no início da carta. É parte de um hino litúrgico que deve ter circulado nas comunidades cristãs antes de ser enxertado aqui por Paulo. Este hino dá graças pela ação do Pai (cf. Ef 1,3-6), do Filho (cf. Ef 1,7-12) e do Espírito Santo (cf. Ef 1,13-14) no sentido de oferecer aos homens a salvação.

MENSAGEM - A ação de graças dirige-se a Deus, pois Ele é a fonte última de todas as graças concedidas aos homens. Essas graças atingiram os homens através do Filho, Jesus Cristo.
O Pai, no seu amor, elegeu-nos desde sempre “para sermos santos e irrepreensíveis “Santo” indica alguém que foi separado e consagrado a Deus, para o serviço de Deus; a palavra “irrepreensível” era usada para falar das vítimas oferecidas em sacrifício a Deus, que deviam ser imaculadas e sem defeito… Significa, pois, uma santidade (isto é, uma consagração a Deus) verdadeira e radical. Além de nos eleger, o Pai predestinou-nos “para sermos seus filhos adotivos”. Através de Cristo, o Pai ofereceu-nos a sua vida e integrou-nos na sua família na qualidade de filhos. O fim desta ação de Deus é o louvor da sua glória. “Eleição” e “adoção como filhos” resultam do imenso amor de Deus pelos homens – um amor que é gratuito, incondicional e radical. A morte de Jesus na cruz é o sinal evidente do amor de Deus pelos homens; e dessa forma, Deus ensinou-nos a viver no amor, no amor total e radical. Através de Cristo, Deus derramou sobre nós a sua graça, tornando-nos pessoas novas e diferentes, capazes de viver no amor. Assim, Deus manifestou-nos o seu projeto de salvação
e que consiste em levar-nos a uma identificação plena com Jesus (na sua ilimitada capacidade de amar e de dar vida), a uma unidade e harmonia totais com Jesus. Identificando-nos com Cristo e ensinando-nos a viver no amor total e radical, Deus reconciliou-nos consigo, com todos os outros e com a própria natureza. Da ação redentora de Cristo nasceu, pois, um Homem Novo, capaz de um novo tipo de relacionamento (não marcado pelo egoísmo, pelo orgulho, pela auto-suficiência, mas marcado pelo amor e pelo dom da vida) com Deus, com os outros homens e mulheres e com toda a criação. Dessa forma (e voltamos agora a retomar o texto que a liturgia deste dia nos propõe), em Cristo fomos constituídos filhos de Deus e herdeiros da salvação, conforme o projeto de Deus preparado desde toda a eternidade em nosso favor (vers. 11-12).

ATUALIZAÇÃO
f Deus tem um projeto de vida plena e total para os homens, um projeto que desde sempre esteve na mente de Deus. É muito importante termos isto em conta: não somos um acidente de percurso na evolução inexorável do cosmos, mas somos atores principais de uma história de amor que o nosso Deus sempre sonhou e que Ele quis escrever e viver conosco. No meio dos nossos sofrimentos, da nossa finitude, não esqueçamos que somos filhos amados de Deus, a quem Ele oferece a vida definitiva, a verdadeira felicidade.
f O nosso texto afirma, ainda, a centralidade de Cristo nesta história de amor. Jesus veio ao nosso encontro, cumprindo com radicalidade a vontade do Pai e oferecendo-se até à morte para nos ensinar a viver no amor.

Pe. Joaquim - Pe. Barbosa - Pe. Carvalho

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Solenidade da Imaculada Conceição
Homilia de D. Henrique Soares:
O tempo do Advento tem, sem dúvida alguma, um sabor mariano. É com a Virgem que melhor aprendemos como esperar o Sol que nasce da Aurora, o Cristo, nosso Deus! Por isso, é muito conveniente celebrar hoje a Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, a Virgem.
O que a Igreja crê e celebra neste mistério? A Escritura Santa nos ensina que a humanidade fora criada por Deus para a comunhão com ele, para ser feliz convivendo com ele, com ele construindo a vida e o mundo. Mas, infelizmente, desde o início da história humana e até hoje, nossa raça foi dizendo “não” ao sonho de Deus: quisemos e queremos ainda ser como deuses, conhecedores do bem e do mal (cf. Gn 3,4s); queremos viver a vida de modo autônomo, como se a existência fosse nossa e não um dom recebido de Deus. Se não dizemos, pensamos muitas vezes: a vida é minha; faço como eu quero! O resultado dessa atitude tem sido trágico: tornamo-nos uma humanidade ferida, esfacelada, num mundo também ferido e esfacelado. Somos todos presa de um enorme fechamento para Deus, uma desconfiança nele, uma tendência de não percebê-lo… por isso, somos profundamente desequilibrados no nosso modo de nos ver, de ver a vida, de nos relacionar com os outros e com o mundo. Somos um poço de contradições, de paixões, de anseios desencontrados e sentimentos muitas vezes destrutivos… Somos, pois, profundamente feridos; feridos de morte, feridos até a morte! É esta situação miserável que a Igreja denomina “pecado original”, pecado que já nos marca desde o primeiro momento de nossa existência: “Minha mãe já concebeu-me pecador” (Sl 50,7). É desta situação miserável, sem saída, que Cristo nos arranca com a sua encarnação, sua vida, sua morte e ressurreição, com o dom do seu Espírito: “Todos pecaram e estão privados da glória de Deus e são justificados gratuitamente em virtude da redenção realizada por Jesus Cristo” (Rm 3,23s).
Pois bem, a Igreja crê firmemente que a Toda Santa Virgem Maria, desde o primeiro momento em que foi concebida no seio de sua mãe, foi preservada por Deus desta solidariedade com esta situação de pecado. Nós, já nascemos marcados de morte; ela, desta marca de pecado foi preservada; nós, precisamos ser arrancados da lama do pecado graças à cruz do Cristo; ela, pela cruz do Cristo foi liberta desde a origem e sequer foi tocada por esta lama maldita; nós fomos redimidos porque lavados desta lama, ela, foi ainda mais perfeitamente redimida porque, pelos méritos da Paixão do Senhor, sequer experimentou esta situação de pecaminosidade. Desde o ventre materno, desde o primeiro instante de sua concepção, o Senhor a libertou, graças aos méritos de Cristo. Ela, a Virgem, pode ser chamada Toda Santa, isto é, Toda Santificada, ela pode cantar as palavras da profecia de Isaías: “Com grande alegria rejubilo-me no Senhor, e minha alma exultará no meu Deus, pois me vestiu de justiça e salvação, como a noiva ornada de suas jóias!”
A Igreja crê nesta Concepção Imaculada da Mãe de Jesus e com ela se alegra. E crê fundamentada na Escritura Sagrada. Não á a Palavra de Deus que afirma que o Senhor colocou uma inimizade de morte entre a Serpente e a Mulher, entre a descendência de Serpente e a da Mulher? Quem é esta Mulher? Não é aquela a quem Jesus chama Mulher em Caná e ao pé da cruz? Não é aquela de quem São Paulo diz: “Quando chegou a plenitude dos tempos, enviou Deus o seu Filho nascido de Mulher? Como, pois, poderia estar sob o domínio do pecado, fruto da serpente, a Mulher de quem nasceria o Cordeiro sem mancha, que tira o pecado do mundo? Estejamos atentos ainda no modo como Gabriel saudou a Virgem,
no Evangelho: ele lhe muda o nome! Não diz”: alegra-te, Maria!”, mas “Alegra-te, Cheia de Graça!” Cheia de graça, kecharitomene, do verbo charitô, agraciar. Alegra-te, ó Toda Cumulada Pela Graça, Alegra-te, ó Mar de Graça, ó possuída totalmente pela graça! Em ti, Virgem Maria, não há o mínimo lugar, a mínima brecha para a “des-graça” do pecado! – É isto que significam as palavras de Gabriel! Podem crer: Deus juntou toda água um dia e chamou de mar; Deus juntou toda graça outro dia… e chamou Maria!
A Virgem não é dona da graça; ela a recebeu totalmente. A Virgem não é imaculada por seus próprios méritos, mas pelos méritos daquele que, nascido de suas entranhas benditas, venceu a antiga Serpente e destruiu o antigo Inimigo. Observemos que esta idéia aparece na segunda leitura da Missa desta solenidade. O que diz o Apóstolo? O Pai “nos escolheu em Cristo, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. Ele nos predestinou… por intermédio de Jesus Cristo (Ef 1,4s). Se todos somos fruto de um sonho eterno de Deus, se todos somos predestinados em Cristo desde antes da fundação do mundo, se o Senhor conheceu nossos dias antes mesmo que um só deles existisse, pois bem: em Cristo, Deus, o Pai, preservou a Mãe do seu Filho do pecado, graças ao seu Filho! Que nossos irmãos protestantes se alegrem conosco pela Imaculada Conceição de Maria: ela é bíblica, ela exalta enormemente a grandeza abundante da graça de Cristo, único Salvador! São Paulo diz que “todos pecaram e estão privados da glória de Deus”; assim estaria a Virgem sem a graça de Cristo; mas, disso foi libertada no primeiro momento de sua existência, graças a Cristo!
Esta é a beleza desta festa: o triunfo da graça, celebrar a graça de Cristo que age antes mesmo do nascimento histórico de Cristo! Que graça tão grande, que Salvador tão potente, que Deus tão previdente! E para nós, que alegria contemplar o mistério, vislumbrar o mistério, mergulhar no mistério! Hoje, a Virgem foi concebida livre do pecado; hoje, começou a raiar a Aurora do Dia sem fim; hoje surgiu a puríssima Estrela d’Alva que anuncia o Sol, que é o Cristo, nosso Deus! A Igreja, exultante de alegria, tem palavras lindas na celebração litúrgica deste hoje. No Ofício Divino, ela assim se dirige à Virgem Toda Santa: “Com a vossa Imaculada Conceição, Virgem Maria, um anúncio de alegria percorreu o mundo inteiro” e, mais adiante, no Ofício, continua, admirada: “Toda bela sois, Virgem Maria, sem mancha original! Sois a glória de Sião, a alegria de Israel e a flor da humanidade”. E, imaginando a resposta da Virgem, coloca nos seus lábios estas palavras que ela dirige ao Senhor: “Foi nisto que eu vi, porque vós me escolhestes! Porque não triunfou sobre mim o inimigo, porque vós me escolhestes!” Isso mesmo: mais que ninguém, a Virgem é devedora a Cristo: ele a escolheu, ele a preservou, ele a sustentou, ele teve por ela uma predileção inigualável!
Alegremo-nos nós também! Em Cristo, o pecado pode ser vencido! A Conceição Imaculada de Maria é sinal belíssimo desta vitória! Alegremo-nos, porque a Imaculada Conceição de Nossa Senhora é o feliz princípio e o primeiro albor da salvação que o Senhor Jesus nos traz! Bendita seja a cruz de Jesus, que antes de ser fincada no Calvário, já libertou com seus raios a Virgem de todo pecado! A Jesus, fruto bendito, do bendito ventre da bendita Virgem Maria, a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
============---------------========== Cheia de Graça =========

Nesse tempo de Advento, a caminho do Natal de Jesus, somos convidados a olhar para Maria, a IMACULADA, e reconhecer nela o modelo de como acolher Jesus, que está chegando.

As leituras nos falam de duas Mulheres: Eva e Maria e do Plano de Deus, no qual Maria foi inserida:

A 1a Leitura nos apresenta o episódio do Pecado Original: A vitória da Mulher e de sua descendência contra a serpente (Gn 3, 9-15)

Esse texto não devemos tomá-lo ao pé da letra. Com ele o autor sagrado quer explicar a origem do mal no mundo. Ele vê ao redor de si a opressão, as injustiças e violências.
Será que foi esse o mundo criado por Deus?

A resposta é dada por imagens que devem ser interpretadas:
- Foi comido um fruto proibido:
O homem não aceitou sua condição de criatura e tomou o lugar de Deus.
- Essa autossuficiência é comparada a uma serpente que nos dá uma idéia falsa de Deus e nos leva a escolher o mal.
- A "nudez" (a condição de criatura) maravilhosa no corpo e na mente, depois do pecado, começa a causar vergonha.
- O homem não está no seu lugar: não considera mais Deus um amigo com o qual passeia no jardim e passa a vê-
lo como adversário e o evita (se esconde).
- O pecado rompe a confiança entre as pessoas: Adão acusa Eva; Eva culpa a serpente...
- A Luta entre a "serpente" e o homem continuará até o fim do mundo, mas a descendência da mulher prevalecerá e esmagará a cabeça da serpente.

A 2ª Leitura é um Hino de louvor a Deus pelas maravilhas por ele realizadas em favor dos homens. (Ef 1,3-6;11-12)

No Evangelho, a saudação do anjo a Maria nos faz entender quem é o Filho de Maria (Lc 1,26-38)

O texto não um relato histórico, mas uma CATEQUESE, destinada a proclamar certas realidades salvíficas:
- O Anúncio do nascimento de um menino é freqüente na Bíblia e revela que ele é um dom de Deus...
- O Messias é pobre entre os pobres: Num povoado desconhecido da Galiléia...
A uma mulher virgem (para uma mulher judia não ter filhos era uma vergonha)
- O Diálogo do anjo a Maria:
> "Ave Cheia de Graça": A Voz dos profetas na boca do anjo: Realizam-se todas as promessas: "Uma Virgem conceberá..."
> Troca o nome: "Cheia de Graça": Quando Deus troca o nome, destina a uma missão.
> Anúncio do nascimento confirma a profecia feita a Davi: Jesus é o Messias esperado, cujo reino será eterno.
> Sobre Maria pousou a "sombra" do Altíssimo: O próprio Deus se tornou presente nela.
É uma profissão de fé na divindade do filho de Maria.
> "Eis aqui a serva...": Maria reconhece que Deus a escolheu, aceita com disponibilidade essa escolha e manifesta sua disposição de cumprir, com fidelidade o Plano de Deus;.

+ O que esta festa nos diz?

- Deus ama os homens e tem um projeto de vida plena para lhes oferecer.

- Como Deus intervém na história e concretiza essa oferta de salvação?
A história de Maria responde:
Através de pessoas atentas aos seus projetos e de coração disponível para o serviço dos irmãos,
Deus atua no mundo, manifesta aos homens o seu amor e convida cada pessoa a percorrer os caminhos da felicidade e da realização plena.

- Os instrumentos de Deus na realização de seus planos?
Deus age através de pessoas, independentemente de suas qualidades humanas.
O que é decisivo é a disponibilidade e o amor com que acolhem e testemunham as propostas de Deus.

- Como responder aos apelos de Deus?
Confrontada com os planos de Deus, Maria responde com um "Sim" total e incondicional, renunciando seu programa de vida e os seus projetos pessoais.

- Como Maria chegou a esta confiança incondicional em Deus?
. Com uma vida de diálogo, de comunhão, de intimidade com Deus.
. Deus ocupava o primeiro lugar e era a sua prioridade fundamental.
. Era uma pessoa de oração e de fé, que fez a experiência do encontro com Deus e aprendeu a confiar totalmente nele.

* No meio da agitação de todos os dias, encontro tempo e disponibilidade para ouvir Deus, para viver em
comunhão com ele, para tentar perceber os seus sinais nas indicações que ele me dá dia a dia?

Como você está se preparando para o Natal? Imitar Maria na sua fidelidade à Vontade de Deus, é o melhor caminho para um Natal mais cristão... Pe. Antônio G.
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:

LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS,NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Alegres aguardamos o renascer de Vosso Filho em nossos corações.
à Senhor, nosso Deus e Pai, nós vos louvamos pela vossa bondade. Desde o começo do mundo vos revelastes Deus de amor e por meio dos profetas alimentastes nossa esperança de nos enviar o Salvador. Hoje celebramos a imaculada conceição de Maria, A Nova Eva, a Mãe da nova Criação. Pai, que o renascer de vosso Filho entre nós, nos transforme.
T: Alegres aguardamos o renascer de Vosso Filho em nossos corações.
à Senhor, nosso Deus, bendito seja o Vosso nome sobre em todo o universo. Grande é vosso amor nos enviando vosso Filho para nos guiar ao Vosso Reino. Pai, agradecemos pela nossa vida, pelo nosso batismo e pela esperança da vida eterna.
T: Alegres aguardamos o renascer de Vosso Filho em nossos corações.
à Senhor, nosso Deus e Pai, enviai o Espírito Santo sobre nós, para que nos transformemos e tenhamos força e coragem de levar vosso nome a todos os nossos irmãos que não vos conhecem ou que vos abandonaram. Que o Cristo que renasce seja luz de justiça, de paz, de amor para todos os povos.
T: Alegres aguardamos o renascer de Vosso Filho em nossos corações.
à PAI NOSSO... Paz... Cordeiro de Deus...

2º DOMINGO DO ADVENTO ANO A dezembro 2013 - IMACULADA CONCEIÇÃO

2º DOMINGO DO ADVENTO ANO A dezembro 2013 - IMACULADA CONCEIÇÃO

Tema: IMACULADA CONCEIÇÃO “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus.”
A liturgia convida-nos a acolher, como Maria, com um coração aberto os planos de Deus.
Primeira leitura: mostra (Adão e Eva) o que acontece quando rejeitamos as propostas de Deus e preferimos caminhos de egoísmo, de orgulho e de autossuficiência; sofrimento e morte.
Evangelho: Maria ao contrário de Adão e Eva, Maria rejeitou o orgulho, o egoísmo e a autossuficiência e preferiu os planos de Deus; salvação e vida plena para ela e para o mundo.
Segunda leitura: Deus tem um projeto de vida plena para cada pessoa. É Jesus que apresenta este projeto e exige uma resposta firme.

6. PRIMEIRA LEITURA (Gn 3,9-15.20) Leitura do Livro do Gênesis
O Senhor Deus chamou Adão, dizendo: “Onde estás?” E ele respondeu: “Ouvi tua voz no jardim e fiquei com medo porque estava nu; e me escondi”. Disse-lhe o Senhor Deus: “E quem te disse que estavas nu? Então comeste do fruto da árvore de cujo fruto te proibi comer? Adão disse: “A mulher que tu me deste por companheira, foi ela que me deu do fruto da árvore, e eu comi”. Disse o Senhor Deus à mulher: “Por que fizeste isso?” E a mulher respondeu: “A serpente me enganou e eu comi”. Então o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens! Rastejarás sobre o ventre e comerás pó todos os dias de tua vida! Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”. E Adão chamou à sua mulher “Eva”, porque ela é a mãe de todos os viventes.

AMBIENTE - O relato jahwista de Gn 2,4b-3,24 sobre as origens da vida e do pecado é um texto do séc. X a.C., na época do rei Salomão. Não é reportagem jornalística. Não é científica ou histórica, mas teológica: mais do que ensinar como o mundo e o homem apareceram, ele quer dizer-nos que na origem da vida e do homem está Jahwéh e que na origem do mal e do pecado estão as opções erradas do homem. É uma catequese.
Na primeira parte apresenta a criação como um espaço de felicidade, onde tudo é bom e o homem vive em comunhão total com o criador e com criaturas. Na segunda parte descreve o pecado do homem e da mulher; mostra como as opções erradas introduziram desequilíbrio e de morte. Na terceira parte (cf. Gn 3,8-24), as consequências para toda a criação; o homem livre e feliz fez escolhas erradas e introduziu sofrimento e de morte. O nosso texto pertence à terceira parte.

MENSAGEM - Deus descobre todos os fatos. Deus pergunta ao homem: “onde estás?” A resposta já é uma confissão de culpa: “como estava nu, tive medo e escondi-me”. A vergonha e o medo são sinal de uma perturbação interior, uma ruptura com a harmonia, de serenidade e de paz. Como? Desobedecendo a Deus. A segunda pergunta feita por Deus é retórica: “terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira de comer?”. A “árvore do conhecimento do bem e do mal” – significa o orgulho, a autossuficiência, o prescindir de Deus e das suas propostas, o querer decidir por si só o que é bem e o que é mal, o pôr-se a si próprio em lugar de Deus, o reivindicar autonomia total em relação ao criador. É evidente que o homem “comeu da árvore proibida” – isto é, escolheu um caminho de orgulho e de autossuficiência em relação a Deus. Daí a vergonha e o medo. Ao defender-se, acusa a mulher e, ao mesmo tempo, acusa o próprio Deus (“a mulher que me deste por companheira deu-me do fruto da árvore e eu comi”. Adão representa a humanidade no egoísmo e na autossuficiência, que esqueceu os dons de Deus e vê em Deus um adversário; se instalou na covardia, na falta de solidariedade, no ódio. Escolher caminhos contrários aos de Deus é uma ruptura com Deus e com os irmãos.
Vem, depois, a “defesa” da mulher: “a serpente enganou-me e eu comi”. Entre os povos cananeus, a serpente estava ligada aos rituais de fertilidade e de fecundidade. Os israelitas abandonavam Jahwéh para seguir os rituais dos cananeus e assegurar a fecundidade dos campos e dos rebanhos. a serpente era, pois, o “fruto proibido”, que seduzia os crentes e os levava a abandonar a Lei de Deus. A “serpente” é, neste contexto, um símbolo literário de tudo aquilo que afastava os israelitas de Jahwéh. A resposta da “mulher” confirma que a humanidade prescindiu de Deus, ignorou as suas propostas. Achou, no seu egoísmo e autossuficiência, que podia encontrar a verdadeira vida à margem de Deus. Aí está a culpa de uma humanidade que pensou poder ser feliz em caminhos de egoísmo e de autossuficiência, à margem de Deus. Deus condena como falsos e enganosos esses cultos e essas tentações que seduziam os israelitas e os colocavam fora da dinâmica da Aliança e dos mandamentos. O nosso catequista jahwista sabe que a serpente é um animal miserável, que passa sua existência mordendo o pó da terra. O autor vai servir-se deste dado para pintar a condenação de tudo aquilo que leva os homens a afastar-se dos caminhos de Deus e a enveredar por caminhos de egoísmo e de autossuficiência. O que é que significa a inimizade e a luta entre a “descendência” da mulher e a
“descendência” da serpente? A interpretação judaica e cristã viu nestas palavras uma profecia messiânica: Deus anuncia que um “filho da mulher” (o Messias) acabará com as consequências do pecado e inserirá a humanidade numa dinâmica de graça.
Atenção: o autor sagrado não está falando de um pecado cometido nos primórdios da humanidade pelo primeiro homem e pela primeira mulher; mas está falando do pecado cometido por todos de todos os tempos… Ele está apenas ensinando que a raiz de todos os males está no fato de o homem prescindir de Deus e construir o mundo a partir de critérios de egoísmo e de autossuficiência.

ATUALIZAÇÃO
f O MAL vem de Deus, ou vem do homem? O mal nunca vem de Deus… Deus criou-nos para a vida e para a felicidade e deu-nos todas as condições para a felicidade plena.
f O mal resulta das nossas escolhas erradas, do nosso orgulho, do nosso egoísmo e autossuficiência. Quando o homem escolhe viver orgulhosamente só, ignorando as propostas de Deus e prescindindo do amor, constrói cidades de egoísmo, de injustiça, de prepotência, de sofrimento, de pecado…
f O caminhar longe de Deus leva o homem ao confronto e à hostilidade. Nasce, então, a injustiça, a exploração, a violência. As pessoas deixam de ser irmãos para passarem a ser ameaças ao próprio bem-estar, aos próprios interesses.
f Prescindir de Deus significa construir uma história de inimizade com o resto da criação. A natureza deixa de ser a casa comum a todos os homens como espaço de vida e de felicidade, para se tornar algo que eu uso e exploro em meu proveito próprio, sem considerar a sua dignidade, beleza e grandeza. Jesus nos apresentou o plano do Pai. Aprendemos com Ele a amar sem exceção e com radicalidade?

7. SALMO RESPONSORIAL 97 (98)
Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios!
• Cantai ao Senhor Deus um canto novo, / porque ele
fez prodígios! / Sua mão e seu braço forte e santo / alcançaram-lhe a vitória.
• O Senhor fez conhecer a salvação, / e às nações, sua
justiça; / recordou o seu amor sempre fiel / pela casa de Israel
• Os confins do universo contemplaram / a salvação do
nosso Deus. / Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, / alegrai-vos e exultai!

10. EVANGELHO (Lc 1,26-38) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era da descendência de Davi e o nome da virgem era Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de seu pai Jacó, e o seu reino não terá fim”. Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do
Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. Também
Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, porque para Deus nada é impossível”. Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.

AMBIENTE - O texto pertence a um gênero literário chamado homologese. Este gênero não pretende ser um relato jornalístico e histórico de acontecimentos; mas é, sobretudo, uma catequese destinada a proclamar certas realidades salvíficas (que Jesus é o Messias, que Ele vem de Deus, que Ele é o “Deus conosco”). A homologese utiliza e mistura tipologias (fatos e pessoas do Antigo Testamento, encontram a sua correspondência em fatos e pessoas do Novo Testamento) e aparições apocalípticas (anjos, aparições, sonhos) para fazer avançar a narração e para explicitar determinada catequese sobre Jesus. Não interessa estar à procura de fatos históricos; interessa os ensinamentos sobre Jesus. A Galileia era considerada pelos judeus uma terra em permanente contato com as populações pagãs e onde se praticava uma religião heterodoxa, influenciada pelos costumes e pelas tradições pagãs. Daí a convicção dos mestres judeus de Jerusalém de que “da Galileia não pode vir nada de bom”. Quanto a Nazaré, era uma aldeia pobre e ignorada, completamente à margem dos caminhos de Deus e da salvação. Maria era “uma virgem desposada com um homem chamado José”. O casamento hebraico considerava o compromisso matrimonial em duas etapas: havia uma primeira fase, na qual os noivos se prometiam um ao outro (os “esponsais”); só numa segunda fase surgia o compromisso definitivo (as cerimônias do matrimônio propriamente dito)… Entre os “esponsais” e o rito do matrimônio, passava um tempo mais ou menos longo, durante o qual qualquer uma das partes podia voltar atrás, mas sofrendo
uma penalidade. Durante os “esponsais”, os noivos não viviam em comum; mas o compromisso que os dois assumiam tinha já um caráter estável, de tal forma que, se surgia um filho, este era considerado filho legítimo de ambos. A Lei de Moisés considerava a infidelidade da “prometida” como uma ofensa semelhante à infidelidade da esposa. E a união entre os dois “prometidos” só podia dissolver se com a fórmula jurídica do divórcio. José e Maria estavam, portanto, na situação de “prometidos”: ainda não tinham celebrado o matrimônio, mas os “esponsais”.

MENSAGEM - O termo “ave” com que o anjo se dirige a Maria, é mais do que uma saudação: é o eco dos anúncios de salvação à “filha de Sião”. A expressão “cheia de graça” significa que Maria é objeto da predileção e do amor de Deus. A outra expressão “o Senhor está contigo” é uma expressão que aparece com frequência ligada aos relatos de vocação no Antigo Testamento (vocação de Moisés; de Gedeão; de Jeremias) e que serve para assegurar ao “chamado” a assistência de Deus na missão que lhe é pedida. A visita do anjo destina-se a apresentar à jovem de Nazaré uma proposta de Deus. Essa proposta vai exigir uma resposta clara de Maria. Deus propõe que aceite ser a mãe de um “filho” especial, que ele se chamará “Jesus”. O nome significa “Deus salva”. Além disso, esse “filho” é apresentado pelo anjo como o “Filho do Altíssimo”, que herdará “o trono de seu pai David” e cujo reinado “não terá fim”. As palavras do anjo levam-nos à promessa feita por Deus ao rei David através das palavras do profeta Nathan; o “messias” libertador. O que é proposto a Maria é, pois, que ela aceite ser a mãe desse “messias” que Israel esperava, o libertador enviado por Deus ao seu Povo para lhe oferecer a vida e a salvação definitivas. Como Maria responde? A resposta começa com uma objeção… A objeção faz sempre parte dos relatos de vocação do Antigo Testamento (cf. Ex 3,11; 6,30; Is 6,5; Jer 1,6). É uma reação natural de um “chamado”, assustado com a perspectiva do compromisso com algo que o ultrapassa; mas é, sobretudo, uma forma de mostrar a grandeza e o poder de Deus que, apesar da fragilidade e das limitações dos “chamados”, faz deles instrumentos da sua salvação no meio dos homens e do mundo. Diante da “objeção”, o anjo garante a Maria que o Espírito Santo virá sobre ela e a cobrirá com a sua sombra. Este Espírito é o mesmo que foi derramado sobre os juízes; Gedeão; Jefté; Sansão, sobre os reis; David, sobre os profetas; os anciãos de Israel; Ezequiel, a fim de que eles pudessem ser uma presença eficaz da salvação de Deus no meio do mundo.
A “sombra” ou “nuvem” leva-nos, também, à “coluna de nuvem” que acompanhava a caminhada do Povo de Deus em marcha pelo deserto, indicando o caminho para a Terra Prometida da liberdade e da vida nova.
A questão é a seguinte: apesar da fragilidade de Maria, Deus vai, através dela, fazer-se presente no mundo para oferecer a salvação a todos os homens. O relato termina com a resposta final de Maria: “eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. Afirmar-se como “serva” significa, mais do que humildade, reconhecer que se é um eleito de Deus e aceitar essa eleição, com tudo o que ela implica – pois, no Antigo Testamento, ser “servo do Senhor” é um título de glória, reservado àqueles que Deus escolheu, que ele reservou para o seu serviço e que ele enviou ao mundo com uma missão. Desta forma, Maria reconhece que Deus a escolheu, aceita com disponibilidade essa escolha e manifesta a sua disposição de cumprir, com fidelidade, o projeto de Deus.

ATUALIZAÇÃO
f Deus ama os homens e tem um projeto de vida plena para lhes oferecer. A história de Maria responde, de forma clara, a esta questão: é através de homens e mulheres atentos aos projetos de Deus que Deus atua no mundo, que Ele manifesta aos homens o seu amor, que Ele convida cada pessoa a percorrer os caminhos da felicidade e da realização plena. é através dos nossos gestos de amor, de partilha e de serviço que Deus transforma o mundo.
f Os instrumentos de que Deus: Maria era uma jovem de uma aldeia dessa “Galileia dos pagãos” de onde não podia “vir nada de bom”. Apesar disso, foi escolhida por Deus para desempenhar um papel primordial na etapa mais significativa na história da salvação. A história de Maria deixa claro que, na perspectiva de Deus, não são o poder, a riqueza, a importância ou a visibilidade social que determinam a capacidade para levar a cabo uma missão. Deus age através de homens e mulheres, independentemente das suas qualidades humanas. O que é decisivo é a disponibilidade e o amor com que se acolhem e testemunham as propostas de Deus.
f Confrontada com os planos de Deus, Maria responde com um “sim” total e incondicional. Naturalmente, ela tinha o seu programa de vida e os seus projetos pessoais; mas, diante do apelo de Deus, esses projetos pessoais passaram naturalmente e sem dramas a um plano secundário. Na atitude de Maria não há qualquer sinal de egoísmo, de comodismo, de orgulho, mas há uma entrega total nas mãos de Deus e um acolhimento radical dos caminhos de Deus. Que atitude assumimos
diante dos projetos de Deus: acolhemo-los sem reservas, com amor e disponibilidade, numa atitude de entrega total a Deus?
f É possível alguém entregar-se tão cegamente a Deus, sem reservas, sem medir os prós e os contras? Naturalmente, não se chega a esta confiança cega em Deus e nos seus planos sem uma vida de diálogo, de comunhão, de intimidade com Deus. Maria de Nazaré foi, certamente, uma mulher para quem Deus ocupava o primeiro lugar e era a prioridade fundamental. Maria de Nazaré foi, certamente, uma pessoa de oração e de fé, que fez a experiência do encontro com Deus e aprendeu a confiar totalmente n’Ele.

8. SEGUNDA LEITURA (Ef 1,3-6.11-12) Leitura da Carta de São Paulo aos Efésios
Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob seu olhar, no amor. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão de sua vontade, para o louvor de sua glória e da graça com que ele nos cumulou no seu Bem-amado. Nele também nós recebemos a nossa parte. Segundo o projeto daquele que conduz tudo conforme a decisão de sua vontade, nós fomos predestinados a sermos, para o louvor de sua glória, os que de antemão colocaram a sua esperança em Cristo.

AMBIENTE - Estamos por volta dos anos 58/60. Alguns vêem nesta carta uma espécie de síntese da teologia paulina, numa altura em que a missão do apóstolo está praticamente terminada no oriente. O texto que nos é hoje proposto aparece no início da carta. É parte de um hino litúrgico que deve ter circulado nas comunidades cristãs antes de ser enxertado aqui por Paulo. Este hino dá graças pela ação do Pai (cf. Ef 1,3-6), do Filho (cf. Ef 1,7-12) e do Espírito Santo (cf. Ef 1,13-14) no sentido de oferecer aos homens a salvação.

MENSAGEM - A ação de graças dirige-se a Deus, pois Ele é a fonte última de todas as graças concedidas aos homens. Essas graças atingiram os homens através do Filho, Jesus Cristo.
O Pai, no seu amor, elegeu-nos desde sempre “para sermos santos e irrepreensíveis “Santo” indica alguém que foi separado e consagrado a Deus, para o serviço de Deus; a palavra “irrepreensível” era usada para falar das vítimas oferecidas em sacrifício a Deus, que deviam ser imaculadas e sem defeito… Significa, pois, uma santidade (isto é, uma consagração a Deus) verdadeira e radical. Além de nos eleger, o Pai predestinou-nos “para sermos seus filhos adotivos”. Através de Cristo, o Pai ofereceu-nos a sua vida e integrou-nos na sua família na qualidade de filhos. O fim desta ação de Deus é o louvor da sua glória. “Eleição” e “adoção como filhos” resultam do imenso amor de Deus pelos homens – um amor que é gratuito, incondicional e radical. A morte de Jesus na cruz é o sinal evidente do amor de Deus pelos homens; e dessa forma, Deus ensinou-nos a viver no amor, no amor total e radical. Através de Cristo, Deus derramou sobre nós a sua graça, tornando-nos pessoas novas e diferentes, capazes de viver no amor. Assim, Deus manifestou-nos o seu projeto de salvação
e que consiste em levar-nos a uma identificação plena com Jesus (na sua ilimitada capacidade de amar e de dar vida), a uma unidade e harmonia totais com Jesus. Identificando-nos com Cristo e ensinando-nos a viver no amor total e radical, Deus reconciliou-nos consigo, com todos os outros e com a própria natureza. Da ação redentora de Cristo nasceu, pois, um Homem Novo, capaz de um novo tipo de relacionamento (não marcado pelo egoísmo, pelo orgulho, pela auto-suficiência, mas marcado pelo amor e pelo dom da vida) com Deus, com os outros homens e mulheres e com toda a criação. Dessa forma (e voltamos agora a retomar o texto que a liturgia deste dia nos propõe), em Cristo fomos constituídos filhos de Deus e herdeiros da salvação, conforme o projeto de Deus preparado desde toda a eternidade em nosso favor (vers. 11-12).

ATUALIZAÇÃO
f Deus tem um projeto de vida plena e total para os homens, um projeto que desde sempre esteve na mente de Deus. É muito importante termos isto em conta: não somos um acidente de percurso na evolução inexorável do cosmos, mas somos atores principais de uma história de amor que o nosso Deus sempre sonhou e que Ele quis escrever e viver conosco. No meio dos nossos sofrimentos, da nossa finitude, não esqueçamos que somos filhos amados de Deus, a quem Ele oferece a vida definitiva, a verdadeira felicidade.
f O nosso texto afirma, ainda, a centralidade de Cristo nesta história de amor. Jesus veio ao nosso encontro, cumprindo com radicalidade a vontade do Pai e oferecendo-se até à morte para nos ensinar a viver no amor.

Pe. Joaquim - Pe. Barbosa - Pe. Carvalho

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Solenidade da Imaculada Conceição
Homilia de D. Henrique Soares:
O tempo do Advento tem, sem dúvida alguma, um sabor mariano. É com a Virgem que melhor aprendemos como esperar o Sol que nasce da Aurora, o Cristo, nosso Deus! Por isso, é muito conveniente celebrar hoje a Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, a Virgem.
O que a Igreja crê e celebra neste mistério? A Escritura Santa nos ensina que a humanidade fora criada por Deus para a comunhão com ele, para ser feliz convivendo com ele, com ele construindo a vida e o mundo. Mas, infelizmente, desde o início da história humana e até hoje, nossa raça foi dizendo “não” ao sonho de Deus: quisemos e queremos ainda ser como deuses, conhecedores do bem e do mal (cf. Gn 3,4s); queremos viver a vida de modo autônomo, como se a existência fosse nossa e não um dom recebido de Deus. Se não dizemos, pensamos muitas vezes: a vida é minha; faço como eu quero! O resultado dessa atitude tem sido trágico: tornamo-nos uma humanidade ferida, esfacelada, num mundo também ferido e esfacelado. Somos todos presa de um enorme fechamento para Deus, uma desconfiança nele, uma tendência de não percebê-lo… por isso, somos profundamente desequilibrados no nosso modo de nos ver, de ver a vida, de nos relacionar com os outros e com o mundo. Somos um poço de contradições, de paixões, de anseios desencontrados e sentimentos muitas vezes destrutivos… Somos, pois, profundamente feridos; feridos de morte, feridos até a morte! É esta situação miserável que a Igreja denomina “pecado original”, pecado que já nos marca desde o primeiro momento de nossa existência: “Minha mãe já concebeu-me pecador” (Sl 50,7). É desta situação miserável, sem saída, que Cristo nos arranca com a sua encarnação, sua vida, sua morte e ressurreição, com o dom do seu Espírito: “Todos pecaram e estão privados da glória de Deus e são justificados gratuitamente em virtude da redenção realizada por Jesus Cristo” (Rm 3,23s).
Pois bem, a Igreja crê firmemente que a Toda Santa Virgem Maria, desde o primeiro momento em que foi concebida no seio de sua mãe, foi preservada por Deus desta solidariedade com esta situação de pecado. Nós, já nascemos marcados de morte; ela, desta marca de pecado foi preservada; nós, precisamos ser arrancados da lama do pecado graças à cruz do Cristo; ela, pela cruz do Cristo foi liberta desde a origem e sequer foi tocada por esta lama maldita; nós fomos redimidos porque lavados desta lama, ela, foi ainda mais perfeitamente redimida porque, pelos méritos da Paixão do Senhor, sequer experimentou esta situação de pecaminosidade. Desde o ventre materno, desde o primeiro instante de sua concepção, o Senhor a libertou, graças aos méritos de Cristo. Ela, a Virgem, pode ser chamada Toda Santa, isto é, Toda Santificada, ela pode cantar as palavras da profecia de Isaías: “Com grande alegria rejubilo-me no Senhor, e minha alma exultará no meu Deus, pois me vestiu de justiça e salvação, como a noiva ornada de suas jóias!”
A Igreja crê nesta Concepção Imaculada da Mãe de Jesus e com ela se alegra. E crê fundamentada na Escritura Sagrada. Não á a Palavra de Deus que afirma que o Senhor colocou uma inimizade de morte entre a Serpente e a Mulher, entre a descendência de Serpente e a da Mulher? Quem é esta Mulher? Não é aquela a quem Jesus chama Mulher em Caná e ao pé da cruz? Não é aquela de quem São Paulo diz: “Quando chegou a plenitude dos tempos, enviou Deus o seu Filho nascido de Mulher? Como, pois, poderia estar sob o domínio do pecado, fruto da serpente, a Mulher de quem nasceria o Cordeiro sem mancha, que tira o pecado do mundo? Estejamos atentos ainda no modo como Gabriel saudou a Virgem,
no Evangelho: ele lhe muda o nome! Não diz”: alegra-te, Maria!”, mas “Alegra-te, Cheia de Graça!” Cheia de graça, kecharitomene, do verbo charitô, agraciar. Alegra-te, ó Toda Cumulada Pela Graça, Alegra-te, ó Mar de Graça, ó possuída totalmente pela graça! Em ti, Virgem Maria, não há o mínimo lugar, a mínima brecha para a “des-graça” do pecado! – É isto que significam as palavras de Gabriel! Podem crer: Deus juntou toda água um dia e chamou de mar; Deus juntou toda graça outro dia… e chamou Maria!
A Virgem não é dona da graça; ela a recebeu totalmente. A Virgem não é imaculada por seus próprios méritos, mas pelos méritos daquele que, nascido de suas entranhas benditas, venceu a antiga Serpente e destruiu o antigo Inimigo. Observemos que esta idéia aparece na segunda leitura da Missa desta solenidade. O que diz o Apóstolo? O Pai “nos escolheu em Cristo, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. Ele nos predestinou… por intermédio de Jesus Cristo (Ef 1,4s). Se todos somos fruto de um sonho eterno de Deus, se todos somos predestinados em Cristo desde antes da fundação do mundo, se o Senhor conheceu nossos dias antes mesmo que um só deles existisse, pois bem: em Cristo, Deus, o Pai, preservou a Mãe do seu Filho do pecado, graças ao seu Filho! Que nossos irmãos protestantes se alegrem conosco pela Imaculada Conceição de Maria: ela é bíblica, ela exalta enormemente a grandeza abundante da graça de Cristo, único Salvador! São Paulo diz que “todos pecaram e estão privados da glória de Deus”; assim estaria a Virgem sem a graça de Cristo; mas, disso foi libertada no primeiro momento de sua existência, graças a Cristo!
Esta é a beleza desta festa: o triunfo da graça, celebrar a graça de Cristo que age antes mesmo do nascimento histórico de Cristo! Que graça tão grande, que Salvador tão potente, que Deus tão previdente! E para nós, que alegria contemplar o mistério, vislumbrar o mistério, mergulhar no mistério! Hoje, a Virgem foi concebida livre do pecado; hoje, começou a raiar a Aurora do Dia sem fim; hoje surgiu a puríssima Estrela d’Alva que anuncia o Sol, que é o Cristo, nosso Deus! A Igreja, exultante de alegria, tem palavras lindas na celebração litúrgica deste hoje. No Ofício Divino, ela assim se dirige à Virgem Toda Santa: “Com a vossa Imaculada Conceição, Virgem Maria, um anúncio de alegria percorreu o mundo inteiro” e, mais adiante, no Ofício, continua, admirada: “Toda bela sois, Virgem Maria, sem mancha original! Sois a glória de Sião, a alegria de Israel e a flor da humanidade”. E, imaginando a resposta da Virgem, coloca nos seus lábios estas palavras que ela dirige ao Senhor: “Foi nisto que eu vi, porque vós me escolhestes! Porque não triunfou sobre mim o inimigo, porque vós me escolhestes!” Isso mesmo: mais que ninguém, a Virgem é devedora a Cristo: ele a escolheu, ele a preservou, ele a sustentou, ele teve por ela uma predileção inigualável!
Alegremo-nos nós também! Em Cristo, o pecado pode ser vencido! A Conceição Imaculada de Maria é sinal belíssimo desta vitória! Alegremo-nos, porque a Imaculada Conceição de Nossa Senhora é o feliz princípio e o primeiro albor da salvação que o Senhor Jesus nos traz! Bendita seja a cruz de Jesus, que antes de ser fincada no Calvário, já libertou com seus raios a Virgem de todo pecado! A Jesus, fruto bendito, do bendito ventre da bendita Virgem Maria, a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
============---------------========== Cheia de Graça =========

Nesse tempo de Advento, a caminho do Natal de Jesus, somos convidados a olhar para Maria, a IMACULADA, e reconhecer nela o modelo de como acolher Jesus, que está chegando.

As leituras nos falam de duas Mulheres: Eva e Maria e do Plano de Deus, no qual Maria foi inserida:

A 1a Leitura nos apresenta o episódio do Pecado Original: A vitória da Mulher e de sua descendência contra a serpente (Gn 3, 9-15)

Esse texto não devemos tomá-lo ao pé da letra. Com ele o autor sagrado quer explicar a origem do mal no mundo. Ele vê ao redor de si a opressão, as injustiças e violências.
Será que foi esse o mundo criado por Deus?

A resposta é dada por imagens que devem ser interpretadas:
- Foi comido um fruto proibido:
O homem não aceitou sua condição de criatura e tomou o lugar de Deus.
- Essa autossuficiência é comparada a uma serpente que nos dá uma idéia falsa de Deus e nos leva a escolher o mal.
- A "nudez" (a condição de criatura) maravilhosa no corpo e na mente, depois do pecado, começa a causar vergonha.
- O homem não está no seu lugar: não considera mais Deus um amigo com o qual passeia no jardim e passa a vê-
lo como adversário e o evita (se esconde).
- O pecado rompe a confiança entre as pessoas: Adão acusa Eva; Eva culpa a serpente...
- A Luta entre a "serpente" e o homem continuará até o fim do mundo, mas a descendência da mulher prevalecerá e esmagará a cabeça da serpente.

A 2ª Leitura é um Hino de louvor a Deus pelas maravilhas por ele realizadas em favor dos homens. (Ef 1,3-6;11-12)

No Evangelho, a saudação do anjo a Maria nos faz entender quem é o Filho de Maria (Lc 1,26-38)

O texto não um relato histórico, mas uma CATEQUESE, destinada a proclamar certas realidades salvíficas:
- O Anúncio do nascimento de um menino é freqüente na Bíblia e revela que ele é um dom de Deus...
- O Messias é pobre entre os pobres: Num povoado desconhecido da Galiléia...
A uma mulher virgem (para uma mulher judia não ter filhos era uma vergonha)
- O Diálogo do anjo a Maria:
> "Ave Cheia de Graça": A Voz dos profetas na boca do anjo: Realizam-se todas as promessas: "Uma Virgem conceberá..."
> Troca o nome: "Cheia de Graça": Quando Deus troca o nome, destina a uma missão.
> Anúncio do nascimento confirma a profecia feita a Davi: Jesus é o Messias esperado, cujo reino será eterno.
> Sobre Maria pousou a "sombra" do Altíssimo: O próprio Deus se tornou presente nela.
É uma profissão de fé na divindade do filho de Maria.
> "Eis aqui a serva...": Maria reconhece que Deus a escolheu, aceita com disponibilidade essa escolha e manifesta sua disposição de cumprir, com fidelidade o Plano de Deus;.

+ O que esta festa nos diz?

- Deus ama os homens e tem um projeto de vida plena para lhes oferecer.

- Como Deus intervém na história e concretiza essa oferta de salvação?
A história de Maria responde:
Através de pessoas atentas aos seus projetos e de coração disponível para o serviço dos irmãos,
Deus atua no mundo, manifesta aos homens o seu amor e convida cada pessoa a percorrer os caminhos da felicidade e da realização plena.

- Os instrumentos de Deus na realização de seus planos?
Deus age através de pessoas, independentemente de suas qualidades humanas.
O que é decisivo é a disponibilidade e o amor com que acolhem e testemunham as propostas de Deus.

- Como responder aos apelos de Deus?
Confrontada com os planos de Deus, Maria responde com um "Sim" total e incondicional, renunciando seu programa de vida e os seus projetos pessoais.

- Como Maria chegou a esta confiança incondicional em Deus?
. Com uma vida de diálogo, de comunhão, de intimidade com Deus.
. Deus ocupava o primeiro lugar e era a sua prioridade fundamental.
. Era uma pessoa de oração e de fé, que fez a experiência do encontro com Deus e aprendeu a confiar totalmente nele.

* No meio da agitação de todos os dias, encontro tempo e disponibilidade para ouvir Deus, para viver em
comunhão com ele, para tentar perceber os seus sinais nas indicações que ele me dá dia a dia?

Como você está se preparando para o Natal? Imitar Maria na sua fidelidade à Vontade de Deus, é o melhor caminho para um Natal mais cristão... Pe. Antônio G.
=_____________________________________________________________________________=

PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:

LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS,NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Alegres aguardamos o renascer de Vosso Filho em nossos corações.
à Senhor, nosso Deus e Pai, nós vos louvamos pela vossa bondade. Desde o começo do mundo vos revelastes Deus de amor e por meio dos profetas alimentastes nossa esperança de nos enviar o Salvador. Hoje celebramos a imaculada conceição de Maria, A Nova Eva, a Mãe da nova Criação. Pai, que o renascer de vosso Filho entre nós, nos transforme.
T: Alegres aguardamos o renascer de Vosso Filho em nossos corações.
à Senhor, nosso Deus, bendito seja o Vosso nome sobre em todo o universo. Grande é vosso amor nos enviando vosso Filho para nos guiar ao Vosso Reino. Pai, agradecemos pela nossa vida, pelo nosso batismo e pela esperança da vida eterna.
T: Alegres aguardamos o renascer de Vosso Filho em nossos corações.
à Senhor, nosso Deus e Pai, enviai o Espírito Santo sobre nós, para que nos transformemos e tenhamos força e coragem de levar vosso nome a todos os nossos irmãos que não vos conhecem ou que vos abandonaram. Que o Cristo que renasce seja luz de justiça, de paz, de amor para todos os povos.
T: Alegres aguardamos o renascer de Vosso Filho em nossos corações.
à PAI NOSSO... Paz... Cordeiro de Deus...

Papa na Santa Marta: No templo não celebramos um rito, mas adoramos a Deus

Cidade do Vaticano (RV) – O templo é um lugar sagrado onde o que é mais importante não é o rito, mas a “adoração ao Senhor”. Foi o que afirmou o Papa Francisco na homilia celebrada esta manhã na Casa Santa Marta. O Papa ressaltou que o ser humano, enquanto “templo do Espírito Santo”, é chamado a ouvir Deus dentro de si, a pedir-Lhe perdão e a segui-Lo. 

Para a sua homilia, o Papa se inspirou no trecho litúrgico do Antigo Testamento, em que Judas Macabeu reconsagra o Templo destruído pelas guerras. “O Templo – observou o Pontífice – é o ponto de referência da comunidade, do povo de Deus”, para onde nos dirigimos por vários motivos, mas um deles em particular:

O Templo é o local onde a comunidade vai rezar, louvar o Senhor, dar graças, mas sobretudo adorar: no Templo se adora o Senhor. E este é o ponto mais importante. Isso é válido também para as cerimônias litúrgicas: o que é mais importante? Os cantos, os ritos? O mais importante é a adoração: toda a comunidade reunida olha para o altar, onde se celebra o sacrifício, e adora. Mas, eu creio – humildemente o digo – que nós cristãos talvez tenhamos perdido um pouco o sentido da adoração.
O Papa então se pergunta: “Os nossos templos são locais de adoração, a favorecem? E as nossas celebrações?”. Citando o Evangelho de hoje, Francisco recordou que Jesus expulsa os vendedores que usavam o Templo como um local de negócios, mais do que para a adoração. 

Mas há outro “Templo” e outra sacralidade a considerar na vida de fé:

São Paulo nos diz que nós somos templos do Espírito Santo. Eu sou um templo. O Espírito de Deus está em mim. Neste caso, talvez não podemos falar de adoração como antes, mas de uma espécie de adoração que é o coração que busca o Espírito do Senhor dentro de si, e sabe que Deus está ali, que o Espírito Santo está dentro de si. Ele O ouve e o segue.
Certamente, a sequela de Deus pressupõe uma contínua purificação, “porque somos pecadores”, reiterou o Papa Francisco, que insistiu: "Purificar-nos com a oração, com a penitência, com o Sacramento da reconciliação, com a Eucaristia". E assim, “nesses dois templos – o templo material, o local de adoração, e o templo espiritual dentro de mim, onde habita o Espirito Santo – a nossa atitude deve ser a piedade que adora e escuta, que reza e pede perdão, que louva o Senhor”:

E quando se fala da alegria do Templo, se fala disso: toda a comunidade em adoração, em oração, em ação de graças, em louvor. Eu na oração com o Senhor, que está dentro de mim porque eu sou ‘templo’. Eu à escuta, disponível. Que o Senhor nos conceda este verdadeiro sentido do Templo, para poder prosseguir na nossa vida de adoração e de escuta da Palavra de Deus.
(BF)



 

Não podemos ser cristãos de meio caminho – o Papa na missa desta quinta-feira apelou aos cristãos para tomarem a sério a sua fé



Todos os batizados são chamados a caminhar no caminho da santificação, não podemos ser cristãos pela metade. Esta a ideia principal do Papa Francisco na missa desta manhã na Casa de Santa Marta. Há um antes e um depois disse o Papa Francisco tomando como base a Carta de S. Paulo aos Romanos. Com Jesus somos recriados, refeitos:

“Fomos refeitos em Cristo! Aquilo que fez Cristo em nós é uma recriação: o sangue de Jesus recriou-nos. É uma segunda criação! Se antes toda a nossa vida, o nosso corpo, a nossa alma, os nossos hábitos estavam no caminho do pecado, da iniquidade, depois desta recriação devemos fazer o esforço de caminhar pelo caminho da justiça, da santificação. Utilizai esta palavra: a santidade. Todos nós fomos batizados: naquele momento, os nossos pais – nós eramos crianças – em nosso nome fizeram um ato de fé: Creio em Jesus Cristo, que nos perdoou os pecados. Creio em Jesus Cristo.”

“Viver como cristão” – prosseguiu o Papa – significa assumir um estilo de vida que vive nesta recriação de Jesus e fieis ao nosso batismo. E não é mais possível dizer que se acredita em Jesus “mas vive-se como se quer! Isso não pode ser”, afirmou o Santo Padre.

Viver no caminho da santificação com as nossas imperfeições, debilidades e pecados assumindo o desafio do perdão e da reconciliação para – como afirmou o Papa Francisco – não sermos “cristãos de meio caminho”.

“Sem esta consciência do antes e do depois, de que nos fala Paulo, o nosso cristianismo não serve para ninguém! E mais: segue no caminho da hipocrisia. Digo que sou cristão mas vivo como pagão! Ás vezes dizemos ‘cristãos de meio caminho’, que não tomam isto seriamente. Somos santos, justificados, santificados pelo sangue de Cristo: tomar esta santificação e seguir com ela em frente!” (RS)

Significado de Avivamento



Avivar – tornar (se) mais vivo, nítido, rápido ou intenso, despertar ou excitar. Tendo com adjetivo (qualidade ou estado) de “Avivador”.

É curioso saber que muitos já perderam o significado dessa palavra, não o significado da palavra em si, mas o valor dela em suas vidas e muitos grupos de oração  ao buscar uma nova unção recebem o avivamento, mas não permanecem nele.
Mas porque isto acontece?

Saiba que a manifestação da unção do espírito em um Grupo de oração , ou em um congresso ou seminário não é sinal de Avivamento. Acreditem tenho vivido esta realidade, e se o avivamento está em mim, num simples Grupo de oração, o fogo de Deus incendeia a minha vida.

Setembro é o mês da Bíblia

“Tua Palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho!” (Salmo 119,105)

Setembro é o mês da Bíblia. Este mês foi escolhido pela Igreja porque no dia 30 de setembro é dia de São Jerônimo (ele nasceu no ano de 340 e faleceu em 420 dC). São Jerônimo foi um grande biblista e foi ele quem traduziu a Bíblia dos originais (hebraico e grego) para o latim, que naquela época era a língua falada no mundo e usada na liturgia da Igreja.
A Bíblia é hoje o único livro que está traduzido em praticamente todas as línguas do mundo e que está em quase todas as casas. Serve de “alimento espiritual” para a Igreja e para as pessoas e ajuda o povo de Deus na sua caminhada em busca de construir um mundo melhor.
“Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça ” (2Tm 3,16). A Bíblia foi escrita por pessoas chamadas e escolhidas por Deus e que foram inspiradas através do Espírito Santo. Ela revela o projeto de Deus para o mundo; serve para que todos possamos crescer na fé e levar uma vida de acordo com o projeto de Deus. Por isso, ela é a grande “Carta de Amor” de Deus à Humanidade.
A Palavra de Deus nos revela o rosto de Deus e seu mistério. Ela é a história do Deus que caminhou com seu povo e do povo que caminhou com seu Deus. A Bíblia tem uma longa história, desde nossos pais e mães da fé (Abraão e Sara, Isaac e Rebeca, Jacó Lia e Raquel) passando por Moisés, pelos Profetas, até a vinda do Messias, e por fim a morte do último dos Doze Apóstolos quando foi escrito o último livro da Bíblia (o Apocalipse, escrito no final do I século). A Palavra de Deus demorou em torno de dois mil anos para ser escrita. Muitas pessoas fizeram parte desta história: homens, mulheres, crianças, jovens, anciãos… Por isso, podemos dizer que a Bíblia é um livro feito em mutirão.
Passaram-se os tempos, os anos, mudaram muitas coisas, impérios cresceram e caíram, tantas idéias foram superadas, mas a Palavra de Deus continua “viva e eficaz” (Hb 4,12), pois “ela permanece para sempre” (1Pd 1,25). Embora o mundo busca outros caminhos, sempre existiram pessoas e comunidades que foram fiéis, que buscaram nas Palavras Sagradas a fonte para sua inspiração, para continuar vivendo e realizando o projeto de Deus.
Mais do que história, a Bíblia é portadora de uma mensagem. Ela é capaz de denunciar e anunciar. Ela denuncia as injustiças, os pecados, as situações desumanas, de pobreza, exploração e exclusão em que vivem tantos irmãos nossos. Foi isso que fizeram os Profetas e também Jesus Cristo em algumas ocasiões, pois toda situação de injustiça e pecado é contrária ao projeto de Deus. Mas a Bíblia é, sobretudo, um livro de anúncio. Ela proclama a boa notícia vinda de Deus: Ele nos ama e nos quer bem! Ele é o Deus que caminha conosco, que está ao nosso lado e nos dá força e coragem! Foi Deus que enviou ao mundo seu Filho Jesus Cristo. Ele veio nos trazer a Boa Notícia do Reino; veio nos trazer a Salvação, o perdão dos pecados. É através da fé em Jesus Cristo que nos tornamos filhos de Deus.
Na Bíblia encontramos textos para as diversas situações da vida. Ela ajuda a fortalecer a nossa fé; é útil na nossa formação, nos momentos de crises e dificuldades, na dor, na doença ou na alegria… Para todas as realidades encontramos textos apropriados.
Todos podemos e devemos ler, estudar e conhecer a Palavra de Deus. É certo que na Bíblia encontramos alguns textos difíceis. A Bíblia mesmo diz isso (veja 2Pd 3,16¸ At 8,30-31; Dn 9,2; etc). Certas passagens foram escritas dentro de uma realidade diferente da nossa. Precisam ser interpretadas e atualizadas. Por isso, quando não entendemos um texto, é melhor passar adiante, buscar outra passagem. O Pe. Zezinho nos ensina cantando: “Dai-me a palavra certa, na hora certa, do jeito certo e pra pessoa certa”. É recomendável fazer um curso, uma Escola Bíblica ou estudar em grupos. Tudo isso ajuda a entender melhor a Bíblia.
Na verdade, todo mês devia ser Mês da Bíblia; todo dia devia ser Dia da Bíblia. Por isso, a Bíblia não pode ser apenas um ornamento em nossa casa. A Palavra de Deus deve ser o nosso alimento de cada dia e buscar nela o sustento para a nossa vida.
Termino lembrando um texto bonito de São Paulo: “Tudo o que se escreveu no passado foi para o nosso ensinamento que foi escrito, afim de que, pela perseverança e consolação, que nos dão as Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15,4). Que neste mês da Bíblia, a Palavra que vem da boca de Deus nos anime, dê força e coragem e com isso sejamos cristãos da Esperança!
Alguns conselhos práticos para quem quer ler, conhecer e viver segundo a Bíblia:
1) Pedir sempre ajuda ao Espírito Santo, isto é, iniciar sempre com uma oração;
2) Começar pelos livros e textos mais fáceis, ou seja, os Evangelhos, Atos dos Apóstolos…;
3) Ler e meditar um texto por dia (não é a quantidade que importa, mas a qualidade);
4) Procurar descobrir o contexto em que o texto foi escrito, ou seja: por que e para quem o texto foi escrito;
5) Anotar na sua Bíblia os textos que mais chamam a atenção;
6) Quando encontrar textos difíceis, passar adiante, deixar estes textos para quando participar de um curso ou quando encontrar pessoas que podem ajudar a explicar;
7) Atualizar o texto para hoje: colocá-lo em prática na vida. Celebrar e rezar a Bíblia e a vida. Viver a Palavra!

O princípio da teologia católica

O princípio da teologia católica

No dia 8 de Março de 2012 foi publicado o último documento da Comissão teológica internacional, intitulado: «A teologia hoje: perspectivas, princípios e critérios». O texto foi aprovado de forma específica no dia 29 de Novembro de 2011. Sucessivamente, foi apresentado ao presidente da mesma Comissão, cardeal William Joseph Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, que autorizou a sua publicação.
O motivo pelo qual a Comissão teológica internacional escreveu este documento está vinculado aos enormes desenvolvimentos no campo da teologia católica, que se tiveram a partir do Concilio Vaticano II. Estes desenvolvimentos mostram oportunidades interessantes, mas também desafios imensos. Por um lado, a teologia tornou-se verdadeiramente uma empresa múltipla e diversificada. Por outro, a questão da identidade e da unidade da empresa da teologia no seio da Igreja encontra-se sob pressão (cf. n. 1).
Por conseguinte, a Comissão teológica internacional sentiu a necessidade de se interrogar: o que torna a teologia verdadeiramente católica? Quais são os seus princípios fundamentais? Existem critérios que permitem saber com certeza que aquela que é apresentada como teologia católica pode realmente ser considerada tal?
Dito isto, a Comissão teológica internacional não entende a «teologia católica» em sentido sobretudo confessional. Ela relaciona a teologia com as notae ecclesiae, ou seja, com as características fundamentais da Igreja e, de maneira mais específica, com a «catolicidade» e a «unidade» da Igreja.
Uma teologia que quer ser «católica» deve participar na catolicidade e na unidade da Igreja, que em última análise se fundamenta na unidade trinitária do próprio Deus: «O fato de que existe um único Salvador demonstra a existência de um nexo necessário entre catolicidade e unidade. Ao sondar o Mistério inesgotável de Deus, bem como os inúmeros caminhos através dos quais, em diferentes contextos, a graça de Deus age em prol da salvação, a teologia necessária e justamente assume uma multiplicidade de formas e, no entanto, ao indagar a única verdade do Deus uno e trino e o plano de salvação centrado no único Senhor Jesus Cristo, esta pluralidade deve manifestar características familiares distintivas» (n. 2).
Portanto, o documento da Comissão teológica internacional procura identificar as «características familiares distintivas» da teologia católica. «Examina aquelas perspectivas e aqueles princípios fundamentais que caracterizam a teologia católica» e expõe «os critérios através dos quais diferentes e múltiplas teologias podem, no entanto, ser reconhecidas como autenticamente católicas» (n. 3). O texto é composto de três capítulos que desenvolvem os seguintes temas: na rica pluralidade das suas expressões, dos seus protagonistas, das suas ideias e dos seus contextos, a teologia é católica e portanto fundamentalmente una, quando nasce da escuta atenta da Palavra de Deus (cf. primeiro capítulo), quando se situa consciente e fielmente no interior da comunhão da Igreja (cf. segundo capítulo) e quando está orientada para o serviço de Deus no mundo (cf. terceiro capítulo). Em seguida, concentrar-nos-emos nos conteúdos do primeiro capítulo.
A afirmação central do primeiro capítulo é de que «a teologia, em todas as suas diferentes tradições, disciplinas e métodos, se fundamenta no ato essencial da escuta com fé da Palavra de Deus revelada, do próprio Cristo. A escuta da Palavra de Deus constitui o princípio definitivo da teologia católica; conduz à compreensão, ao anúncio e à formação da comunidade cristã» (n. 4). No dia 2 de Dezembro de 2011, o Papa Bento XVI recebeu em audiência particular os membros da Comissão teológica internacional. No discurso que lhes dirigiu, ele reiterou esta afirmação, dizendo: «O ponto de partida de cada teologia cristã é o acolhimento desta Revelação divina: o acolhimento pessoal do Verbo que se fez carne, a escuta da Palavra de Deus na Escritura. A partir desta base, a teologia ajuda a inteligência crente da fé e a sua transmissão». Com efeito, «a teologia é uma reflexão científica sobre a revelação divina que a Igreja aceita por fé como verdade salvífica universal. A plenitude e a riqueza desta revelação são demasiado grandes para serem entendidas por uma única teologia, e dado que são compreendidas de maneiras diferentes pelos seres humanos, na realidade dão lugar a múltiplas teologias. No entanto, na sua diversidade a teologia está unida no serviço à única verdade de Deus» (n. 5). Uma teologia verdadeiramente católica deve procurar manter o equilíbrio delicado entre unidade e diversidade (ou pluralidade), e evitar a uniformidade e a fragmentação. Quando os teólogos — ou os crentes, pastores e leigos — entendem a unidade como uniformidade, e a pluralidade como fragmentação, quer dizer que há algo de errado na sua teologia.
O primeiro capítulo está subdividido em três partes: a primazia da Palavra de Deus; a fé, resposta à Palavra de Deus; a teologia, inteligência da fé. A estrutura geral deste capítulo é evidente. Fazer teologia pressupõe algo fundamental: que haja um diálogo constante entre Deus e a humanidade, entre Deus, que se revela, e o homem, que lhe responde. A teologia não é possível sem que Deus fale ao homem, e sem que ele lhe responda. A teologia nasce daquilo que é uma reflexão «razoável» sobre este diálogo entre Deus e a humanidade.
Por conseguinte, a primeira parte explica aquilo que a Comissão teológica internacional define «a primazia da Palavra de Deus». Ela começa com uma meditação bíblica sobre o Prólogo do Evangelho de João (cf. n. 6). O primeiro versículo deste Evangelho afirma que «no princípio era o Verbo». A Palavra de Deus é precedente. A Palavra existe desde o início, ainda antes do tempo e da criação. Deus não é um Deus distante, que permanece em silêncio absoluto. Por natureza, Deus é um comunicador: Ele fala, revela-se a Si mesmo na criação e através da Encarnação. O cristianismo não é uma religião do livro, mas sim a religião da Palavra de Deus.
No entanto, onde pode ouvir o homem esta Palavra viva de Deus? A resposta é: na Escritura e na Tradição. «O Evangelho de Deus é testemunhado fundamentalmente pela Sagrada Escritura, do Antigo e do Novo Testamento» e «a Tradição é a transmissão fiel da Palavra de Deus, testemunhada no cânone da Escritura pelos profetas e pelos apóstolos, e na leitourgia (liturgia), martyria (testemunho) e diakonia (serviço) da Igreja» (n. 7). O processo de transmissão da Palavra de Deus aos homens e às mulheres torna-se possível através do Espírito Santo que, «não só inspirou os autores bíblicos, a fim de que encontrassem as palavras adequadas de testemunho, mas ajuda também os leitores da Bíblia em todas as épocas a compreender a Palavra de Deus contida nas palavras humanas das Sagradas Escrituras». Portanto, «´a Palavra de Deus comunica-se-nos na Sagrada Escritura, como testemunho inspirado da Revelação que, mediante a Tradição viva da Igreja, constitui a regra suprema da fé´ (Verbum Domini, n. 18)» (n. 8). Por conseguinte, este esclarecimento permite que a Comissão teológica internacional formule o primeiro e mais importante critério da teologia católica: «Um critério da teologia católica é o reconhecimento da primazia da Palavra de Deus. Deus fala “muitas vezes e de diversos modos”: na criação, mediante os profetas e os sábios, através das Sagradas Escrituras e, de forma definitiva, por meio da vida, da morte e da ressurreição de Jesus Cristo, Verbo que se fez carne (cf. Hb 1, 1-2)» (n. 9).
A segunda parte — «A fé, resposta à Palavra de Deus» — começa com uma meditação bíblica sobre a observação do apóstolo Paulo, segundo o qual a fé provém da escuta da Palavra de Cristo (cf. n. 10). Esta «obediência» da fé é o ato de confiar fides qua) e, ao mesmo tempo, aquilo que é acreditado ou professado (fides quae): «Ambos estes aspectos agem numa unidade inseparável, uma vez que a confiança é adesão a uma mensagem com um conteúdo inteligível, e a profissão não pode ser reduzida a simples palavras desprovidas de um conteúdo, mas há de brotar do coração. A fé é uma realidade profundamente pessoal e, ao mesmo tempo, eclesial» (n. 13).
Além disso, a Comissão põe em evidência o fato de que desde os primórdios da Igreja algumas pessoas propuseram interpretações «heréticas» da fé comum. Esta sombra constante da heresia sobre a vida da Igreja deturpa o Evangelho e lesa a comunhão eclesial (cf. n. 14). Por conseguinte, «um [segundo] critério da teologia católica é que ela tem como própria fonte, contexto e norma a fé da Igreja. A teologia mantém unidas a fides qua e a fides quae. E expõe o ensinamento dos apóstolos, a Boa Nova sobre Jesus, «segundo as Escrituras» (1Cor 15, 3-4), enquanto regra e estímulo/impulso da fé da Igreja» (n. 15).
Na terceira parte, a Comissão descreve a «teologia» como inteligência da fé. Com efeito, a fé abre a inteligência do crente a novos horizontes, levando-o a conhecer a glória de Deus no Rosto de Jesus Cristo (cf. 2Cor 4, 6). Este «intellectus fidei adquire várias formas na vida da Igreja e na comunidade dos crentes, em conformidade com os diversos dons dos fiéis (lectio divina, meditação, pregação, teologia como ciência, etc.). Torna-se teologia em sentido estrito, quando o crente empreende a tarefa de apresentar o conteúdo do mistério cristão de modo racional e científico. Portanto, a teologia é scientia Dei na medida em que é participação racional no conhecimento que Deus tem de Si mesmo e de todas as coisas» (n. 18). Os teólogos não são apenas crentes que «sabem», mas participam também no conhecimento de todos os crentes; no entanto, o seu conhecimento possui um cunho mais sistemático e «científico». Por este motivo, «um [terceiro] critério da teologia católica é que, precisamente enquanto ciência da fé, “fé que procura compreender [fides quaerens intellectum]", ela é dotada também de uma dimensão racional. A teologia esforça-se por compreender aquilo em que a Igreja acredita, por que motivo o faz e o que pode ser conhecido sub specie Dei. Enquanto scientia Dei, a teologia procura entender de maneira racional e sistemática a verdade salvífica de Deus» (n. 19).

Por Prof. Adelbert Denaux
Decano da Faculdade de Teologia Tilburg (Holanda)

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